O AUTOR SÉRGIO MENDES

SOBRE MIM O AUTOR SÉRGIO MENDES

O Autor por detrás das histórias

Olá! Sou professor, investigador, pai e, em todos estes papéis, sou essencialmente um contador de histórias.

Acredito que, seja a explicar as leis da física ou a inventar aventuras para as minhas filhas, o poder de uma boa narrativa é o que nos conecta.

A escrita é o meu laboratório de emoções, o lugar onde a curiosidade da ciência se encontra com a magia das palavras para criar novos mundos. É um prazer partilhar convosco um pouco do meu percurso.

Escrevo para todas as idades

Nasci a 29 de março de 1974, sou pai de duas filhas e vivo na cidade da Maia. Há mais de vinte e cinco anos que a minha profissão é ser professor.

O meu percurso académico levou-me ao Doutoramento em Física pela Universidade do Minho, onde fui também investigador e bolseiro da FCT.

A escrita, no entanto, foi sempre a minha grande paixão. Escrevo para todas as idades, desde crianças a adultos, e tive a alegria de ver o meu trabalho reconhecido. Venci o Prémio de Literatura Infantil do Pingo Doce com o conto “Orlando, o Caracol Apaixonado” (Alêtheia) e recebi duas menções honrosas no Concurso Textos de Amor Manuel António Pina com os textos “O Pintor de Álamos” e “Memória a Sépia”.

A minha jornada literária inclui a poesia, com livros como “Diário de um Enforcado” (edição de autor) e “Visitações” (Urutau, 2020). Para os mais novos, criei mundos de fantasia com contos como “Margarida e o Lobo”, “Sofia no Mundo das Coisas Perdidas”, “Osvaldo, o Rato Faquir,” “A Fada Menina” e “Óscar, o Escaravelho Detetive”. Explorei também a narrativa longa com os romances “O Quarto da Mãe” e “Obediência”.

SOBRE MIM O AUTOR SÉRGIO MENDES

A razão da minha escrita

Escrever nunca foi, para mim, um exercício de vaidade ou de mero entretenimento. Nunca me revi naquele tipo de escritor que vê no romance apenas um artifício técnico, uma construção estética para agradar ao público ou à crítica.

Desde o início, desde a primeira frase que arrisquei, a escrita impôs-se como uma exigência vital — não no sentido figurado, mas no mais cru e biológico da palavra: escrever para sobreviver, escrever para não sucumbir ao silêncio interior, escrever para não enlouquecer diante do absurdo.

Há quem encontre na religião um abrigo, quem procure no poder ou na ciência uma justificação para a sua vida. Eu encontrei na literatura o único espaço onde era possível respirar. 

Escrevo porque preciso.

A escrita tornou-se uma espécie de respiração suplementar, uma prótese existencial que me permitiu atravessar a dor, o vazio e a perda. E, mais do que isso, a escrita revelou-se como o único caminho de liberdade, o único gesto em que a obediência se transforma em insubmissão e a clausura em horizonte.

Escrevo porque não sei viver de outra forma. Escrevo porque, quando não escrevo, o mundo torna-se uma superfície opaca, sem fissuras, sem sentido. A palavra, para mim, é o golpe que abre essa superfície e permite entrever o que está por detrás: as sombras da memória, o peso da herança familiar, os fantasmas da história, as vozes da filosofia que me acompanham. Escrever é esse ato de escavar — escavar em mim e no mundo, até ao ponto em que ambos já não se distinguem.

Não se trata de confissão, no sentido banal da palavra, nem de catarse. A escrita não é purificação: é luta. É um combate contra a amnésia, contra o esquecimento imposto pelo tempo e pelas instituições. É também um combate contra a linguagem pronta-a-usar, contra as fórmulas que empobrecem o pensamento. Cada frase, cada parágrafo, é uma recusa de aceitar o que está dado. Talvez por isso a minha escrita se construa tantas vezes em tensão, no limite da resistência, entre a luz e o abismo.

Os meus livros

Assim nasceram os meus livros. Não como projeto académico, nem como divertimento, mas como necessidade. O Quarto da Mãe surgiu da urgência de lidar com a memória e a perda; Obediência nasceu do confronto com o poder, o corpo e a resistência; e o meu romance mais recente, ainda inédito, nasceu da necessidade de pensar a queda, o exílio e a redenção possível pela escrita.

Literatura Infantil e Juvenil | Romance e Poesia

Ao mesmo tempo, sempre senti a pulsão inversa: a necessidade de escrever também para crianças e jovens. Não como exercício “menor”, mas como prolongamento da mesma urgência. Se nos romances para adultos enfrento a morte, a dor, a submissão e a rebeldia, nos textos para crianças procuro cultivar o contrário: a imaginação, a esperança, a possibilidade de um outro mundo. Mas ambos pertencem ao mesmo gesto, como duas faces de uma mesma moeda.

Escrevo, portanto, porque preciso. Porque se não escrever, morro. E cada livro é uma tentativa de adiar a morte, de arrancar ao tempo alguns fragmentos de sentido.